Mas que abolição foi essa? A resistência continua!

O 13 de maio, a Abolição da Escravatura, é uma daquelas datas que nos faz parar para pensar quais são os motivos a comemorar. Para nós é o Dia da Luta contra o Racismo. E isso se explica bem quando analisamos o marco histórico com uma amplitude social, que só a experiência de vida e os dados qualitativos e quantitativos podem nos dar. Temos fatos, temos números e quanto a isso cabem argumentos. Mas aqueles que busquem a solução para tamanha discriminação que ainda vivemos no Brasil.

Por aqui não é novidade que negros vivem, estudam e ganham menos do que os brancos. Documentos mostram que a cor da pele é componente central na estruturação das desigualdades no Brasil, afetando o acesso ao emprego e os maiores níveis de desenvolvimento. Segundo estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal dos negros no Brasil tem dez anos de atraso se comparado ao dos brancos. Não devemos nos acostumar com isso! Precisamos de políticas públicas afirmativas, que reconheçam estas diferenças e corrijam este abismo social.

Recentemente, o órgão mostrou que são assassinados 29 adolescentes no País por dia. E eles possuem cor e classe social. Em sua maior parte são negros, fora da escola há mais de seis meses e pobres. Isso fica ainda pior quando constatamos que o Brasil é o País com maior número absoluto de adolescentes assassinados no mundo. Em 2015, 11.403 jovens com idade entre 10 e 19 anos foram mortos. No Rio, entre 2000 e 2015, a taxa de homicídio entre adolescentes foi mais alta que a da população geral. Na capital, dados mais recentes mostraram que, em 2016, 335 meninos e meninas foram assassinados, 269 desse total eram negros.

MULHERES – Há quase 60 dias, a morte de Marielle Franco, negra e ativista social, deu viabilidade a outro fato: o de que em dez anos, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54%, enquanto o das mulheres brancas caíram 10%. As brasileiras negras no país correspondem a 25% da população, representando um total de 55,4 milhões de mulheres e meninas. Elas também são a maioria da população feminina em situação de pobreza e recebem, em média, 40,9% da remuneração dos homens brancos, de acordo com os dados mais recentes do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça.

EMPREENDEDORISMO – Outra pesquisa, a da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2016, realizada pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) com o apoio do SEBRAE, os negros apresentam taxa de empreendedorismo superior à dos brancos: 38,5% no primeiro grupo e 31,6% no segundo. No entanto, 34,8% dos empreendedores brancos recebiam de três a seis salários mínimos, frente a 21,2% dos negros.

Por toda esta desigualdade, reafirmamos que alguma parte dessa engrenagem social ainda não está funcionando bem. É preciso mobilização, foco na luta por direitos, respeito às condições de igualdade garantidas na Constituição Federal e que nós nos mobilizemos mais na luta pelo fim do racismo.

DICA – Diversas temáticas sobre a juventude nevra são retratadas no site das Nações Unidas do Brasil no link https://nacoesunidas.org/?post_type=post&s=”Juventude+Negra”. Vale a pena a leitura.