O Brasil há muito tempo apresenta uma das piores performances do mundo no combate à pandemia, mas essa vergonha, esse crime humanitário, tem se ampliado nas últimas semanas. No dia 20 de março, apresentamos 28% das mortes mundiais por covid-19, sendo a nossa população apenas 2,75% do total. O nosso número de óbitos mais que dobrou em pouco mais de um mês e cresceu cerca de 430% nos últimos 4 meses. Os números atuais surpreendem apenas os desinformados, porque desde pelo menos o final de dezembro cientistas apontavam para esse quadro, caso medidas rígidas não fossem adotadas. A situação piorou com a falta do auxílio emergencial. A tendência atual é de aumento e o próprio Ministério da Saúde admitiu que os próximos dias poderão apresentar cerca de 3 mil vidas perdidas diariamente.
Em nossa sociedade, há os que, por diferentes motivos, não querem fazer o necessário para reverter esse quadro. Naturalizam as mortes. Pessoas morrendo sem oxigênio, em filas de hospitais é parte do cenário, assim como a superlotação em cemitérios. Nós, que escrevemos esse manifesto, pensamos diferente. E precisamos dizer o óbvio: enquanto ainda não há imunização em massa, apenas um rígido distanciamento social pode salvar vidas e um auxílio emergencial digno é fundamental.
Muitos municípios abriram escolas Brasil afora. Uma rápida pesquisa mostra o resultado: expansão da pandemia e morte de profissionais da educação, docentes e discentes. Isso sem contar o estresse, a ansiedade e o medo dos profissionais da educação e dos estudantes serem jogados nessa roleta russa. Os tais protocolos sanitários nas escolas não funcionaram, como qualquer trabalhador em educação sempre soube. No papel, cabem muitas ilusões, como a de que os estudantes distanciados em 1m – inclusive no recreio. Uma real consulta aos profissionais da educação nos levaria a posições realistas. Infelizmente, donos de escolas particulares tem tido mais influencia sobre o poder público.
Com uma possível abertura de escolas, não estariam apenas em risco profissionais da educação. Devemos alertar que o número de crianças e adolescentes vitimados pela Covid-19 não é baixo como se pensa, principalmente com a chegada de novas variantes do vírus. Superam os 3 mil. Isso é pouco? Acaso seria pouco se viesse a óbito apenas alguns estudantes em Rio das Ostras? Ressaltamos que há muito tempo estamos sem nenhum leito de UTI disponível e nos últimos dias até os leitos clínicos zeraram!
Para muitos, é conveniente pensar que lockdown e “economia” não combinam. Não enfrentam o lucro de alguns setores para salvaguardar a vida na cidade. Sentem-se confortáveis em oferecer à classe trabalhadora apenas duas opções: arriscar a vida saindo para ganhar o pão ou permanecer viva, porém sem auxílio e a própria sorte. Mas nós rejeitamos essa forma de colocar o problema em um país em que seis bilionários tem a mesma riqueza que as 100 milhões de pessoas mais pobres. O nosso povo é chantageado enquanto apenas 42 pessoas lucraram, até setembro de 2020, mais do que todo o custo do auxílio emergencial entregue até então. Nesse mesmo país das desigualdades, alguns pensam que a solução é uma “reforma administrativa”, que nada mais é o que a retirada de direitos de trabalhadores de serviços públicos. Os mesmos que estão nos hospitais, nas escolas, na produção científica e nos diversos setores públicos fundamentais para a população.
As aulas remotas têm sido difíceis e o retorno às escolas deveria ser prioridade, caso a pandemia estivesse controlada, caso as escolas e comunidades tivessem condições de receber o público em segurança e caso tivéssemos um governo comprometido com a vacinação de todos e todas. Ficar sem escola, sem lojas ou restaurantes é ruim, e todos sabemos disso. Mas o pior é morrer sem conseguir respirar, ainda mais por uma doença para a qual já existe vacina.
Pela Vacinação pra todas e todos! Em defesa do SUS, do auxílio emergencial de, no mínimo, 600 reais e do isolamento social!
Contra a reforma administrativa e a retirada de direitos da classe trabalhadora!
Fora Bolsonaro e Mourão!
Vacina para todos e todas já!
Em defesa da educação e da vida!
Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (Aduff); Sindicato dos Professores (Sinpro) Macaé e Região; Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) Rio das Ostras e Casimiro de Abreu; Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe); Centro Acadêmico (CA) de Serviço Social; União da Juventude Rebelião (UJR); União da Juventude Comunista (UJC); Coletivo Correnteza; Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (AERJ); União Estadual dos Estudantes (UEE); União da Juventude Socialista (UJS); Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (FENET); Juventude Socialista (JS); Resistência; Partido dos Trabalhadores (PT); Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); Unidade Popular (UP); Partido Democrático Trabalhista (PDT); Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU); Partido Socialista Brasileiro (PSB); Partido Comunista do Brasil (PCdoB);
Movimento Luta de Classes; Movimento Fé e Política; Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com deficiência de Rio das Ostras (Comdef); Centro Cultural de Educação Popular de Rio das Ostras (CEPRO)