O dia 13 de maio é uma data controversa, não é dia de celebração. É dia de reflexão sobre a persistente desigualdade racial no Brasil. Hoje, completam 136 anos que os livros de história celebram nesse dia a liberdade dos negros escravizados, pelas mãos da princesa Isabel. É muito importante lembrar que nada nos foi dado e, sim , conquistado. Resultante da pressão causada pela resistência das pessoas negras, que encabeçavam o movimento abolicionista.
No entanto, essa lei não foi suficiente para garantir a inclusão social dessa parcela da população e assim concretizar a liberdade de fato.
Essa não é uma data de comemoração, mas de reflexão. Hoje, quero refletir sobre a importância da população preta na construção das cidades . Você já parou para pensar nisso? Como os territórios foram construídos?
A mão de obra preta foi fundamental e ainda é nos dias de hoje. O povo negro continua sendo aviltado pelas marcas de uma “abolição inacabada”, devido à perpetuação do racismo e ausência ou ineficácia de políticas afirmativas de inclusão e reparação histórica.
Apesar dos avanços conquistados pelo movimento negro nos séculos XX e XXI, o cenário no Brasil ainda apresenta grandes desigualdades, que tem como uma de suas chagas a persistência do trabalho infantil. Das 1,881 milhão de vítimas de trabalho infantil, cerca de 66,3% se autodeclaram pretas ou pardas (PNAD 2022).
Por isso, enquanto mulher preta e educadora faço questão de reconhecer e valorizar a parte que a história não conta, e que construíram esse país. A nossa história precisa ser lembrada, para não ser desvalorizada e apagada.
Por isso, reafirmo que entre as diversas medidas que precisam ser efetivadas para concretizarmos o fim do trabalho em condições análogas à escravidão de crianças, adolescentes e adultos , destaco o fortalecimento da Educação Antirracista como uma das estratégias centrais. Ela desempenha um papel crucial no enfrentamento do trabalho escravo, na violação de direitos que tem em suas raízes profundas o racismo e ainda ecoa nos dias de hoje os horrores do passado escravocrata brasileiro.
Neste 13 de maio, a nossa luta é por justiça social, dignidade e respeito.
Viva ao povo preto!
Vidas Negras importam!
Professora Guilhermina Rocha – Coordenadora da Secretaria de Saúde e Previdência da FETEERJ e diretora do Sindicato dos Professores de Macaé e Região ( SINPRO MACAÉ E REGIÃO)